Étienne Levac
Facebook: @Étienne Levac
Ajuda à tradução: Véronique Richer, Rogério Vilela Silva Júnior e Danielle Coenga
Publicado em francês na revista Ex_Situ (2021)
Mistura-se nesse espaço polimórfico
Onde o tempo e os sentidos flutuam no ritmo das águas.
Modelada em ecos das profundezas invisíveis do rio, uma resiliência do vivo luta e dança para a vida
Será que os que vivem estão indo rumo à morte?
Será que é diferente aqui?
Uma morte encantada é um movimento em direção à vida
Tudo é consubstancial. Tudo se mistura para formar uma zona dualista e única onde um é o outro.
O rio confunde a mata com o leito dos igarapés
O exterior interfere no interior
O que morre permite a vida.
O fundo do céu reflete na superfície da àgua
Um jogo de espelhos dançantes que faz interagir os mundos.
Suspensa na sua rede, você se mexe e se balança ao ritmo dessa dança
O silêncio e o vazio são estrangeiros de passagem refletindo o mais fielmente possível nossos medos
Uma sombra ou uma forma dá o tom. Mas é o brilho de todos estes olhos que criará um vazio em ti
Um tipo de vazio que irás preencher de maravilhas e temores
Um labirinto topográfico e hidrográfico como uma àrea de identidade e um marco para o que foi esquecido
Se você sabe falar com a Jamburana, quem considera as lesões da caça uma ode à vida da sua família, jamais você se perderá
Mas você lembre-se
O idílio num pesadelo dá um gosto estranho ao caos