8 de março: dia de luta

Danielle Coenga-Oliveira
Instagram: @feministamente.leve

8 de março é dia internacional pelos direitos das mulheres. Embora hoje esteja cercado de um certo romantismo (que impulsiona ao consumo e despolitiza), dia 8 de março é dia de luta! É um dia para pontuar as diferenças e opressões de gênero ainda intrínseca e violentamente presentes em nossa vida.

Dia 8 de março é dia de lembrar que feminícidio é um mal mundial! Que 12 mulheres são assassinadas por dia no Brasil, 1 mulher é morta a cada 2,5 dias no Canada e a cada 2 dias na França… É dia de lembrar que ainda hoje perguntam “que roupa estávamos usando” quando somos agredidas – nos responsabilizando pelas violências que sofremos. É dia de lembrar que homens ainda se acham no direito de nos explicar assuntos nos quais somos especialistas. É dia de lembrar que ainda temos que argumentar forte e incansavelmente quando pontuamos a existência de racismo, homofobia e machismo em nossos países. É dia de falar sobre pais que abortam e abandonam. É dia de perceber que um cara que faz tarefa domésticas ele só está fazendo parte do que é também sua obrigação. É dia de pensar que empoderar-se é dispor do próprio corpo como desejamos, é sentir-se livre e é também, e principalmente, estar disposta a pensar criticamente sobre as estruturas que nos oprimem.. é ser a pessoa que questiona.. que não ri das micro-violências cotidianas e supostamente engraçadinhas.. é contestar! É dia de honrar todas aquelas que dedicaram a sua vida para que nós mulheres pudéssemos existir em toda nossa diversidade e ocupar as posições que ocupamos hoje. 8 de março é, então, um dia político e a origem reivindicatória, de luta e de resistência desse dia não pode ser jamais inviabilizada ou colocada em segundo plano por uma mensagem de “Parabéns”.

Então, nesse 8 de março e no decorrer da vida.. acolho o seu amor, mas, se preciso for, eu troco a sua “boa intenção que vem como presente decorado com um laço” pelo esforço verdadeiro de se colocar em questão e de repensar seus privilégios – de classe, de raça, como homem, heterossexual. Troco as flores da esquina pelo não sorriso conivente com uma piada machista-racista-homofóbica do brother e da amiga, pelo não silêncio quando uma pessoa violenta outra com palavras ou atos. Troco também o seu “Parabéns sorridente de hoje” pela luta diária ao meu lado, ao nosso lado (ao nosso LADO, eu disse! Não ousando nos dizer o que temos que fazer ou como temos que fazer, mas escutando o que temos pra falar e não nos fazendo repetir 500 vezes a mesma coisa pq vocês resistem em tentar entender! Ao nosso lado vocês serão aliados!).. Que seus presentes pelo 8 de março venham em forma de silêncio reflexivo, de inquietações partilhadas conosco, de busca sincera de desconstruir padrões machistas que norteiam ainda muitas das nossas relações, de ações práticas que reflitam a vontade honesta de abrir mão de privilégios e de lutar pelo fim das desigualdades de gênero, de raça, de classe e de todas as outras opressões sobre nós mulheres (no sentido mais amplo que está palavra pode ter). Sigamos juntxs! 

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